Por Isabela Bastos (isabela.bastos@oglobo.com.br) | Agência O Globo RIO - Um espaço dedicado à prática de esportes radicais, mas também à contemplação do visual da Lagoa Rodrigo de Freitas. O parque que a prefeitura pretende erguer no lugar da academia Estação do Corpo, na Avenida Borges de Medeiros prevê a construção de uma pista permanente para a prática de bicicross, outra para os amantes do skate e dos patins, um mini-velódromo, um muro de escalada e até mesmo uma tirolesa. Contornando o espelho d´água, será erguido um deque de madeira e espaço para eventos e lojas de conveniência. Segundo o prefeito Eduardo Paes, a intenção é que a licitação das obras seja lançada ainda no primeiro semestre e as intervenções comecem até dezembro. Num exercício de imaginação, O GLOBO fez uma simulação fotográfica de como ficaria a vista daquele ponto da Lagoa, já sem o paredão da academia, que deverá deixar o terreno do governo estadual em fevereiro.
- É uma vitória para o Rio recuperar esse espaço, que é fantástico. Já estamos reformulando a orla da Lagoa e a ideia que é o parque se integre ao que está sendo feito. O projeto ainda é conceitual. Mas a ideia é que seja um espaço que atraia muita gente para aquele ponto da Lagoa - explica Paes.
Batizado de Parque Radical, o projeto vem sendo detalhado pela Fundação Parques e Jardins. Noticiado por Ancelmo Góis em sua coluna no GLOBO, ele terá ainda paisagismo com palmeiras, calçamento em pedras portuguesas, muro dedicado ao grafite, sanitários e um estacionamento para cem carros. A intenção é que o espaço possa ser usado por escolinhas de esportes radicais. O circuito de bicicross, por exemplo, terá trechos em saibro, grama e piso intertravado.
- Nesse novo parque pensamos em atender uma tribo que não tem um espaço seu na cidade, que é a dos praticantes de esportes radicais com bicicleta. No ano passado, tivemos uma competição na cidade e foi preciso montar uma pista provisória no Parque Garota de Ipanema, o que não era uma situação ideal - explicou o presidente da Fundação Parques e Jardins, engenheiro David Lessa.
De acordo com Lessa, o projeto ainda será discutido com a Secretaria municipal de Meio Ambiente e com o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Ainda precisa ser decidido também a quem caberá a administração da nova área de lazer.
O terreno da academia Estação do Corpo será retomado pelo governo estadual em 2 de abril. O secretário estadual da Casa Civil, Régis Fitchner, confirmou, através de sua assessoria de imprensa, que a academia irá fechar as portas em 29 de fevereiro e terá todo o mês de março para retirar equipamentos de ginástica e mobiliário, entregando a área em 2 de abril. Ainda de acordo com a assessoria, o estado vinha negociando a antecipação da saída da Estação do Corpo, cujo contrato de arrendamento expira em setembro de 2013. A cessão do espaço à academia é alvo ainda de uma ação judicial movida pelo Ministério Público Estadual.
De acordo com Paes, a notícia de que o terreno da academia seria esvaziado um ano e cinco meses antes do previsto chegou à prefeitura às vésperas do réveillon. Ele determinou então à Fundação Parques e Jardins que iniciasse o planejamento das intervenções que serão feitas no local. Paes esclareceu ainda que as obras não deverão interferir na base de helicópteros que o governo estadual mantém num terreno localizado entre o Parque dos Patins e a Estação do Corpo.
- A prefeitura esperava receber essa área somente em 2013. Mas já mandei tocar o projeto. O heliponto da Polícia e dos Bombeiros não será mexido. A localização dele ali na lagoa é fundamental. A obra irá contorná-lo. Não haverá remanejamento de local - disse o prefeito.
A direção da Estação do Corpo confirmou ontem, por meio de nota, o fechamento da academia, mas informou que ainda negocia com o estado a entrega do terreno para abril. Os alunos e funcionários, ainda segundo a nota, já foram informados do encerramento das atividades, mas matrículas para períodos de curta duração continuam sendo feitas. A academia informou ainda que já estuda outros locais para a mudança de suas instalações.
A despeito do fechamento da academia, o entorno da Estação do Corpo já está sendo usado pela prefeitura desde dezembro, na construção de um novo trecho de 200 metros de ciclovia, que fará a ligação do Parque dos Patins a uma pista já existente entre o Estádio de Remo e a margem da Lagoa. Esse trecho hoje não é utilizado. Para permitir a obra, um muro que separava a Estação do Corpo do Estádio de Remo já está sendo demolido.
A obra faz parte do pacote de intervenções - orçado em R$ 8,5 milhões - que vem sendo feito desde o ano passado para reformular a orla da Lagoa. Dentro do pacote estão a troca das iluminação da orla da Lagoa, que já foi inaugurada e a reestruturação do Parque do Cantagalo, num ponto de tradicional alagamento.
- As obras da ciclovia tinham parado para as festas de fim de ano, porque ficam próximas à árvore de natal da Lagoa. Mas serão retomadas na próxima semana. A previsão de término da ciclovia é fevereiro e em abril terminamos todas as obras da Lagoa - explicou o secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osorio.
A cessão do terreno à Estação do Corpo é alvo de uma ação judicial movida pelo Ministério Público Estadual, que desde 2008 pede a anulação do contrato. No ano passado, o governo estadual decidiu não renovar o arrendamento, previsto para expirar em setembro de 2013. À época, o secretário da Casa Civil, Régis Fitchner explicou que o estado decidira entrar como litisconsorte (parte interessada no processo) na ação judicial do MP. O processo questiona a cessão do terreno, ocorrida em 2003 sem licitação. A academia tem espaço para atividades indoor de cinco mil metros quadrados, além de duas quadras de vôlei de areia, um campo de futebol, uma pista de corrida e uma piscina semiolímpica.
Fonte: br.noticias
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